Resolvi não fazer nenhuma observação sobre o dia de ontem; mas não resisto a dois parágrafos, porque minha tristeza fica entalada na garganta.
Não parece sintomático que os homens não tenham um dia só para eles?
Só teremos o que comemorar quando este 08 de março não nos lembre que ainda somos uma minoria que sofre todo tipo de violência em todos os dias do ano, exatamente como aquelas mulheres que foram queimadas vivas em uma fábrica em um longínquo 08 de março…
E violência não é apenas um soco na cara ou ser excomungada por conta de um aborto. Essa é a palpável. Pior é aquela silenciosa, insuspeita e insondável, mas que impõe às mulheres jornadas triplas de trabalho (profissional, mãe e amante gostosa) e as fazem acreditar que merecem ganhar apenas dois terços do salário dos homens… as fazem culpadas quando são vítimas (mas ela provocou o estuprador com aquela mini-saia…), as fazem fracas quando são fortalezas (lembram que meninas choram?)… Isso em nossa sociedade mais ou menos civilizada… o que será que vai sob uma burca? Ou em tribos perdidas na África?
Mas é bem feito, afinal de contas foi nossa futilidade que fez a humanidade perder o paraíso. Parece que merecemos todas as dores do mundo.
Seria uma piada, se não fosse trágico.
Escrevo isso e lágrimas rolam. Afinal, sou mãe de duas meninas.
Muita coisa mudou vão responder as otimistas… sim mudou, respondo eu, a pessimista (ou realista?), a violência que antes era pública hoje está entre quatro paredes e é resguardada pela vergonha da vítima… mas isso não é assunto para uma segunda ensolarada.
Beijos.
Lu, qunado falamos mais e mais sobre a violencia contra mulher acho que é o primeiro passo da maratona, outra coisa que me preocupa muito e que muito frequentemente eu vejo na minha profissão é a violência/tortura psicologica que muitas mulheres sofrem e não percebem. São mulheres que são frequentemente convencidas que não prestam, que nunca serão nada, que são feias, que fazem tudo errado. Precisamos urgentemente falar dessa violência.
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