Deus e os Amigos

Eu fui educada em um colégio de freiras e venho de uma família bastante religiosa. Mas, não sei por qual motivo, fui me afastando da Igreja e de Deus a tal ponto que na minha vida adulta sempre me declarei atéia. Para vocês entenderem melhor, basta dizer que a Beatriz, com cinco anos, ainda não foi batizada.
Eu achava graça do fervor da minha mãe, e muito mais de quando ela dizia que eu precisava de Deus em minha vida e em meu coração. Meu marido é religioso, ia na missa durante a semana e não me contava, rezava com a Bea antes de dormir e eu achava graça... Tudo era uma grande besteira para mim.
E, de repente, uma tempestade se abateu sobre minha família, e ela ruiu.
Minha família não é apenas a consequência de um casamento, não é apenas filhos que nasceram e eu tenho o dever de criar. Minha família é minha razão de existir, de viver, de respirar. Cada passo que eu dou é por eles, é para nos mantermos unidos e felizes. E minha família não somos apenas eu, meu marido e nossos filhos, ela junta bisavós, avós, tios, irmãos, primos. Todos os sábados e domingos almoçamos juntos, as vezes 20 pessoas, mas nunca menos do que 12. Não somos uma família moderna, mononuclear, somos daquelas famílias antigas, do século XIX, quase tribais. Eu raramente saio de casa e quando faço meus filhos vão junto, posso contar nos dedos de uma mão as oportunidades em que saí de casa sem ao menos um deles ao meu lado. E assim somos felizes, porque para nós nossa casa é nosso mundo.
Então no meio de tanta dor, minha mãe me dizia reze minha filha, Deus vai te iluminar. A Tóia dizia, reze. E eu lia e relia os comentários e e-mails de vocês, e eles sempre me diziam, Deus vai te ajudar, estou rezando por você. E eu tive a urgência de falar com Deus, eu rezei, rezei muito, com fé, com fervor. Não apenas porque eu estava desesperada, mas porque percebi que eu PRECISAVA voltar para Deus. Eu rezei como nunca havia feito antes, com entrega, com sinceridade. Pedi perdão e ajuda. E eu senti uma força, uma paz, uma vontade de seguir que jamais imaginei que teria naquele momento.
Então uma pessoa me procurou e, estando envolvida e tendo conhecimento do problema me disse "as coisas não são como parecem ser, fique calma, proteja sua família". E eu tive paz, tive esperança e confiança de que aquilo que eu sentia no meu coração desde o primeiro minuto era verdade. E esta confiança me deu forças para continuar, para lutar. Ainda que o caminho seja espinhoso e difícil, eu tenho fé que a verdade vai aparecer, esta verdade que eu sinto em meu coração desde o primeiro minuto.
Hoje estou serena, com força para seguir em frente e fazer o que deve ser feito, o que é melhor para a MINHA família e é apenas ela que me interessa.
Contei tudo isso para tentar explicar a importância de todas as mensagens que recebi e todas as orações que vocês me dedicaram, por causa delas eu fiz as pazes com Deus e Ele já me mostrou o caminho.
Eu jamais terei meios de agradecer tantas palavras de conforto e carinho. Jamais.
Eu vou voltando aos pouquinhos, eu percebi que este blog não é apenas "conversa de comadres", como pode parecer em um primeiro momento, ele é a reunião de verdadeiros amigos, de bom coração. E para nós, como foi escrito nos comentários, pouco importa se somos bonitas, ricas, poderosas, qual nossa profissão, qual nosso carro, onde moramos. Importa o que vai no nosso coração, porque é ele que fica nas entrelinhas de nossos posts, em nossos blogs mostramos quem somos sem máscaras.
E foram vocês que me fizeram sorrir pela primeira vez, depois de horas de choro, onde eu via apenas escuridão. Não é pouca coisa.
Amo todas vocês, do fundo do meu coração.
Agradeço cada comentário, cada e-mail, cada telefonema e gostaria de poder reuni-las todas um dia e cozinhar para vocês, que é o que melhor sei fazer. Amigas daqui, de São Paulo, do Amapá, da Alemanha, de Portugal, da Ìndia, de tantos outros lugares que parecem ser tão distantes, mas que estão tão perto do meu coração.
Obrigada.